sábado, 1 de novembro de 2014

Agora é Preciso Eleger a Juventude Negra como Prioridade

Por Danilo Lima

          Com o fim do processo eleitoral que culminou na definição do projeto politico do Partido dos Trabalhadores como a escolha dos Brasileiros, cabe pensar os efeitos desse processo de forma objetiva na vida das pessoas, em especial aqueles mais vulneráveis na estrutura social, ou seja, o que uma vitória apertada contra uma candidatura de direita e o aumento da bancada conservadora no congresso pode significar para as minorias?

          É comum encontrar opiniões, expressas nas redes sociais, que afirmam ser o principal desafio da presidenta eleita fazer a reforma política ou controlar a economia. Mas o que essas questões significam para aqueles que não três sequer assegurado o direito mais básico, o direito de viver? Assim, o principal desafio de qualquer governo é acabar com a violência contra juventude pobre, preta e periférica. Até porque preto(a) morto(a) não vota, preto(a) morto(a) não consome.




          Compreendendo que: se não houver o direito a vida não ha consequentemente possibilidade de haver nenhum outro direto. Um dos problemas mais graves do Brasil consiste em eliminar o processo denunciado pelo movimento negro como genocídio da juventude negra. Em que, de 2002 a 2012, foram mortos por causa violenta, segundo o Mapa da Violência (2014), 41.127 negros, e 14.928 brancos o que evidência uma seletividade racial majoritária no perfil das vitimas. 

          Os dados podem ser agravados com o aumento da chamada “bancada da bala” no congresso federal. Pois, os índices alarmantes de letalidade contra a juventude negra decorrem parte do fato de jovens negros serem tratados presumivelmente como bandidos pelas policias nas varias periferias do país e, em parte pela tradição truculenta das instituições militares, na qual, se combate violência com violência, em vez de se construírem efetivas alternativas humanizadas e cidadãs. Disso decorre que o Brasil possa figurar nas primeiras posições no ranking mundial da violência policial.




          Resta saber qual será o “poder de fogo da bancada da bala” contra ou a favor da juventude negra brasileira, visto que a Câmara Federal continuará sub-representada partindo do critério racial e de faixa etária, pois dos 513 deputados apenas 20% são negros e do total de eleitos menos de 5% é de jovens até 29 anos.

          O grande desfio que está posto para vencer a violência se refere justamente ao modo de operação das policia militar, os chamados “autos de resistência”, que são utilizados pelas Polícias Militares do país para justificar a morte de suspeitos por razão de suposta, legitima defesa do policial militar.

          Neste sentido, o policial militar que realizar uma ação letal, ou seja, que matar um cidadão pode alegar autodefesa, registrando a ocorrência como “resistência a ação policial” e, nesse caso a esmagadora maioria dos casos de homicídios são arquivados sem maiores investigações ou o que é mais grave sem a obrigatoriedade de se estabelecer a verdade por meio da apuração dos fatos ocorridos.

          O encarceramento em massa resolve? É claro que não! Não basta tirar um individuo do convívio social se ele ou ela não tiverem subsídios para ser socializado (a) e quanto a isso ficam as indagações: Qual será o potencial de ressocialização das penitenciarias brasileiras? E, qual o potencial das nossas escolas para formar cidadãos?

          É preciso avançar contra a criminalidade e não contra a juventude, preta, pobre e periférica. É preciso, certamente, fomentar o crescimento econômico e realizar as reformas que o país precisa, mas para tanto ainda se faz necessário ampliar o investimento em políticas sociais, inclusivas, afirmativas e redistributivas que ofereçam a todos os brasileiros as mesmas oportunidades.



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