É fato que o negros escravizados construíram este país. O Brasil deve muito ao seu povo e principalmente ao povo negro, mas parece não ter consciência dessa divida.
Revolução Haitiana 1791 a 1804
Historicamente lutamos pela preservação do que é nosso. Desde África há resistência negra, para preservação a cultura, da religião, dos valores que ainda hoje são constantemente violentados. Pois “a casa grande jamais voltou os olhos para a senzala sem subjuga-la”.
Mas resistimos, bravamente resistimos, e lutamos pela liberdade de nossa prática religiosa, por educação, saúde, trabalho, moradia de qualidade e fundamentalmente por igualdade de oportunidades. O que há de mal nisso? Por que tantos se voltam contra as políticas afirmativas, sociais e inclusivas que defendemos?
Entendo que parte do problema é que os historicamente os privilegiados não reconhecem sua posição social, como bem diz Leopoldo Duarte em seu texto recente “Se o mundo é racista não ser alvo de racismo já é um modo de gozar de privilégios.” Afinal a miscigenação brasileira NÃO se verifica nos postos de poder do país.
É necessário observar que quando o movimento negro, historicamente, denuncia a violência e as práticas genocidas contra a população negra e principalmente contra sua juventude, ele se mobiliza em favor da vida, que é um direito universal.
É fato que a luta do movimento negro por políticas afirmativas de cotas raciais abriu também as portas da universidade pública para alunos brancos e carentes das escolas públicas.
É fato também que a luta por emancipação da mulher negra emancipa também a sociedade brasileira, considerando que negros somam mais da metade da população brasileira e que essas mulheres negras são, em suma maioria, as responsáveis pelo sustento de suas famílias, mesmo sendo elas empurradas pelo racismo a base da piramide social.
Mas como aponta o professor Adilson Moreira, no Brasil temos sim uma elite branca de classe media alta, majoritariamente masculina e heterossexual, que se demonstra irredutível quanto a deixar sua posição social privilegiada, e que manda no país a partir dos postos de comando que ocupa.
Não obstante, oportunistas ainda fraudam as políticas afirmativas para negro/as que tão duramente construímos e conquistamos, mais uma vez, se beneficiam do nosso sacrifício entrando nas vagas reservadas para negros nas universidade públicas, como ocorreu na UERJ, ou em concursos públicos, ou ainda nas vagas para diplomacia no Itamaraty como os denunciados pela Educafro em SP.
Se somos a maioria da população brasileira, se temos a exata consciência que o Estado brasileiro nos deve, e muito, se mesmo lutando por direitos universais somos excluídos e discriminados, se quando conquistamos direitos nos roubam as oportunidades, se sabemos que o racismo é um projeto de dominação que nos subalterniza, lhes pergunto, ansioso pela resposta: O que tem anestesiado a revolução negra contra o privilégio branco no acesso às oportunidades nesse país?
DANILO LIMA pergunta, ansioso pela resposta: O que tem anestesiado a revolução negra contra o privilégio branco no acesso às oportunidades nesse país?
ResponderExcluirPrezado Danilo, irmãs e irmãos, como eu gostaria de responder que essa é uma resposta simples, e depende só da mudança da correlação de forças. Mas encontro essas respostas em tantas palavras. Paternalismo e hipocrisia são duas delas, a primeira desarma e a segunda alena. Podia citar tb que vivemos uma crise, não de direção, mas de compromisso e responsabilidade, que nos mantém ora na absoluta inercia, ora conformados e satisfeitos com a falsa integração, que põe em evidencia meia duzia de pretinhos que se propõe cumprir o papel de aliado do opressor na enganação do nosso povo. Poderíamos responder também, que o papel do sistema imperialista é muito bem estruturado, usando a religião, a educação, as leis e a mídia para enganar e alienar nosso povo, que a vida é assim mesmo, assim são as regras e que nunca vão mudar. Entretanto, me apego a duas questões finais: 1. Os partidos são a divisão do povo em partes e pedaços de projeto, de programa, de ideologia, de povo, facilitando o controle do status quo, dividindo o povo negro. 2. As especializações e exclusividade em frentes de a] MN das Cotas, b] de Luta Contra o racismo religioso, c] da Saúde da população negra, d] Quilombolas, e] lei 10.639, f] Mulher Negra, g] jovens negros, h] feministas negras jovens; i] Luta Contra o Genocidio, j] Cultura, k] Educação, assim como outras, cada em pista própria, competindo como se fossem concorrentes, ao invés de identificar que a luta é a mesma, complementar, e que o inimigo é um único. Sua pergunta - O QUE TEM ANESTESIADO A REVOLUÇÃO NEGRA, CONTRA O PRIVILÉGIO BRANCO NO ACESSO AS OPORTUNIDADES NESSE PAIS? - Continuarão sem resposta. Grande Abraço. Irmão. Reginaldo Bispo-MNU de Lutas.