domingo, 2 de julho de 2017

Afro-espiritualidade, faz sentido pra você?

O empoderamento do povo preto em sintonia com uma espiritualidade coerente é a chave para a libertação das grades do racismo.



Crianças do Benin/site Buscas e trilhas/2015.


    Há alguns dias venho buscando compreender melhor a relação entre espiritualidade e empoderamento. Conversei com amigos de dentro e de fora do movimento negro sobre o quanto estar em sintonia com uma espiritualidade fortalece nossas ações na vida cotidiana e na militância.
         Das conversas, alguns apontamentos bem interessantes surgiram: um amigo africano que dizia não ter religião me falou que “a dominação colonial em Angola teve como poderoso instrumento o catolicismo”. A religião é uma forma de dominação?

         Um outro irmão, evangélico pentecostal, me disse que percebia uma tentativa de “padronizar as identidades dos evangélicos com a ideia disseminada nas igrejas de que são todos eles decentes do povo de Israel”, ou seja, não são brancos, negros, índios, ricos ou pobres, homens ou mulheres, mas sim as ramificações de um mesmo povo. E, esse fenômeno teria um impacto prático na forma como os evangélicos lidam com situações racistas e preconceituosas, pois se você não é mais um negro, mas em vez disso passa a ser mais um irmão evangélico, você não poderia mais sofrer racismo, certo?
Uma amiga de muitos anos me falou que via no espiritismo kardecista uma valorização da caridade para com as pessoas e isso a contemplava, pois sempre foi uma pessoa que gostava de ajudar os outros.

        Outro ponto que não posso deixar de mencionar é: por qual razão as religiões negras são as mais perseguidas e discriminadas? Se dizer Umbandista, Candomblecista ou Quimbandista significa ser obrigado a viver a sombra de outras denominações religiosas ou ser condenado a viver um inferno real criado por alguns ignorantes das nossas raízes.
No final das contas, os templos incendiados nunca são os budistas os evangélicos ou católicos etç… Sempre são terreiros de religiões afro. A questão é que os Santos católicos estão em lugar de destaque nos terreiros, mas os atabaques não tocam nas igrejas ou nas catedrais. Que sincretismo é esse?
       É chagada a hora de começarmos a pensar não em magia negra, mas sim que toda magia é fundamentalmente negra, fruto também da nossa espiritualidade sagrada. O que faz total sentido se pensarmos na diversidade de formas de se experimentar o sagrado que está presente em África, o berço da humanidade.

        Eu acredito que mesmo as correntes que acorrentaram nosso povo forçando a diáspora negra, não são tão fortes quanto a espiritualidade adormecida em cada um de nós. Penso que o fato dos terreiros sobreviverem a tantos anos de opressão e violência ignorante tem muito a ver com isso. Para pertencer a uma religião de matriz africana com orgulho de se afirmar o que se é tem que se ter além de muita fé, muita força, muito asè. Não digo que todos devem se tornar do candomblé, isso seria intolerante da minha parte, mas em uma sociedade tão racista e preconceituosa como a nossa, que todos nós nos permitamos conhecer a diversidade e a riqueza dos cultos afro, pois esse é um ato necessário para conhecermos a nós mesmos.

         Penso que todos temos uma espiritualidade que pode ou não estar sintonizada com uma das tantas frequências religiosas com as quais temos contato ao longo da vida. Que saibamos usa-la para o nosso auto fortalecimento e conhecimento.

O caminho de volta é do interior, (do seu interior) cês ta ligado! → R. MC´s

Saravá, Motumbá, Kolofé…


Um salve os filhos de um Deus que dança:








sexta-feira, 1 de julho de 2016

Racismo Inverso: mito ou realidade? Um enfoque discursivo

Por Alexandre Reis


Rosa Parks

          Tentarei nesse texto tratar de um tema que recorrentemente vemos aparecer nos espaços de debate sobre questões étnico-raciais, que é a possibilidade de, no Brasil, um branco sofrer racismo, isto é, falarei do famigerado racismo inverso. Será que isso é possível? Para responder essa pergunta mobilizei nesse texto alguns conceitos duma perspectiva sociológica responsável pela problematização da constituição histórica dos sujeitos e outros conceitos da Análise de Discurso, linha teórica da linguística que mais problematizou a relação entre ideologia e prática discursiva. Tentei respeitar uma linha limítrofe entre a leveza dum ensaio expositivo e a densidade do texto teórico para ajudar leitor não familiarizado com os conceitos a responder a pergunta inicial.

          Primeiramente, para se definir “racismo” é necessário, como todo fenômeno social, entendermos todas as manifestações sociais dessa ideia. Por ser um conceito abstrato, como o é sociedade, humano, história, enfim, como é a maioria dos conceitos utilizados nas ciências humanas, sua definição e a base metodológica de sua demonstração estão correlacionadas. Por exemplo: um conceito amplo de racismo demanda uma análise atenta aos grandes movimentos históricos de continuidade, ou seja, esse conceito amplo seria útil para uma perspectiva historiográfica, como seria um estudo hipotético intitulado “A história dos sistemas racistas”. Por sua vez, um conceito mais restrito demanda uma análise atenta aos detalhes, às rupturas, ou seja, uma metodologia quase que oposta àquela e que dá base para o conceito de “racismo” que hoje vemos mais ser utilizado na sociologia das relações raciais. É atento a essa necessidade de um conceito de racismo que se atente para a riqueza e complexidade do real que ASA define racismo como:

“Em certos casos, ao contrário, o preconceito e a discriminação pressupõem ou se referem à idéia de “raça” de uma maneira central. Nesses casos, as outras diferenças possíveis são imagens figuradas da “raça”; casos nos quais a hierarquia social não poderia manter um padrão discriminatório sem as diferenças raciais. Apenas nesses casos pode-se falar de racismo ou racismos de um modo preciso.” ( A.S.A Guimarães, 2009: 36)

          Assim, para se falar de “racismo” por uma perspectiva discursiva, que demanda exatamente a atenção aos detalhes e rupturas, esse conceito de racismo que pressupõe uma hierarquia social, construída historicamente, é mais aconselhável que outros.

         Por sua vez, temos que definir agora o que vem a ser uma ideologia racista pois discursos só existem porque existe ideologia. Assim, entenderemos “ideologia” como aquela definida na tradição das ciências sociais da Escola de Frankfurt pois essa foi uma das correntes sociológicas que mais deu um enfoque comunicacional à questão da ideologia. Nesse sentido da teoria crítica, ideologia é algo constituinte da própria realidade, ou seja, totalmente contrária à ideia de que ela se trata de uma “subversão do real”. Para os frankfurtinianos, o próprio fato da palavra “ideologia” ser vazia no seu sentido mais corrente, é prova de uma agência que busca tirar a atenção da realidade que, em sua constituição, afirma uma ideologia:

“A palavra que não é simples meio para algum fim parece destituída de sentido, e as outras parecem simples ficção, inverdade. Os juízos de valor são percebidos ou como publicidade ou como conversa fiada. A ideologia reduzida a um discurso vago e descompromissado nem por isso se torna mais transparente e, tampouco, mais fraca. Justamente sua vagueza, a aversão quase científica a fixar-se em qualquer coisa que não se deixe verificar, funciona como instrumento da dominação. Ela se converte na proclamação enfática e sistemática do existente. (…) A nova ideologia tem por objeto o mundo enquanto tal. Ela recorre ao culto do fato, limitando-se a elevar – graças a uma representação tão precisa quanto possível – a existência ruim ao reino dos fatos (Adorno & Horkheimer, 1985:138).”

       Por conta disso que a divisão ideológica não é entre “os esclarecidos” contra “os ideológicos”, mas sim entre os que afirmam a ideologia do status quo da realidade contra aqueles que negam-na em prol doutra realidade, também ideológica, mas inclusiva.

       Nesse sentido, uma “ideologia racista” não é algo que as pessoas possuem como possuem um relógio: quando quiser/saber, eu posso decidir não usá-la; mas sim algo que existe no real das relações sociais. O “ser racista” não tem implícito, vale dizer, uma separação definitiva entre sujeito (ser) e objeto (a coisa racista), mas sim as determinações recíprocas desses dois lados da mesma moeda, sujeito e objeto. Essa premissa teórica da dialética materialista é o que evita as limitações do positivismo, que é analisar o racismo somente como uma prática e não como um fator que forma e deforma os sujeitos historicamente. Também é conveniente dizer aqui que essa limitação do positivismo não é entendida como uma prova de que a análise materialista seja essencialmente melhor, mas sim que, como afirmamos no início, para se entender como o racismo age nas relações discursivas torna-se mais útil uma análise que foque nos detalhes, ou seja, uma análise contrária a um holismo metodológico durkheiminiano, por exemplo. Em suma: holismo metodológico e positivismo são necessários para um outro enfoque sobre o racismo.

       Nos estudos na área da sociologia das relações raciais no Brasil houve, por assim dizer, o mesmo processo de negação da visão holista e positivista em nome de um maior apuro aos detalhes. Tal demanda vem justamente a socorro do novo paradigma das ciências humanas, paradigma esse que dá enfoque nas relações discursivas, como A.S.A Guimarães nos traz aqui:

“Os teóricos do período, entretanto, não pareceram perceber o alcance dessa ambiguidade definicional. Na maioria dos casos, ainda quando definiam “raça” de maneira flexível, não tinham consistência de que tal definição abarcava outras formas de hierarquia. Somente nos anos oitenta, a voga pós-estruturalista, vinda da França, trouxe autoconsciência à ambígua definição de “raça”. O desconstrutivismo nas ciências sociais favoreceu uma metaforização ampliada do termo “raça”. A análise do campo discursivo do racismo, tanto antigo (biologismo), quanto novo (diferencialismo cultural),introduziu a percepção de que, ao analisarem-se as hierarquias, estávamos lidando com um mesmo processo sub-reptício de “naturalização” e com formas diversas de essencialismo que se escondiam sob diferentes fenômenos empíricos.” ( A.S.A Guimarães, 2009: 35-36)

        Definida a linha teórica e a necessidade dela para a problemática analisada, que é o racismo reproduzido nos discursos, podemos analisar uns exemplos que nos ajudarão a entender o porquê, nesse nível, do racismo não ser dessociável de uma ordem hierárquica que lhe constitui, como defende A.S.A Guimarães e os frankfurtianos. Só que antes de falarmos de ação discursiva racista, vamos trazer um exemplo de ação racista.

       No começo de 2015 fomos assaltados por um caso de racismo onde um garoto de 8 anos foi expulso da calçada da loja de joias Animale por uma funcionária. A memória a que esse ato nos remete, o Apartheid, não é sem motivo: o Apartheid é esse modus operandi aplicado pelo Estado. O que se tira de tal modus é que, no entendimento dos agentes, seja o Estado ou a funcionária, há espaços que não poderiam ser frequentados por um corpo negro, isto é, no entendimento do real desses espaços há uma ideologia racista, conforme a premissa da teoria crítica. Por exemplo, quando em 1955, Rosa Parks se recusou a ceder seu lugar no ônibus a um branco, ela agiu contra essa ideologia que, até aquele momento, fazia parte do próprio ser do banco de ônibus. Em resumo, tanto a calçada da joalheria quanto o banco de ônibus tinham em sua constituição uma ideologia racista. Não só por vontade dos agentes, vale dizer, mas por toda uma rede de determinações históricas e sociais que criam o “ser-rua-da-joalheria” e o “ser-banco-de-ônibus” proibidos ao corpo negro.


       Passando agora para a ação discursiva, isto é, mudando a materialização do fenômeno analisado, percebemos que a lógica “o real é ideológico” continua firme em sua afirmação. Um caso exemplar para entender como o racismo age aqui é o do goleiro Aranha. O caso é útil para ilustrar uma premissa dos estudos discursivos: todo o discurso faz parte de uma formação discursiva (doravante FD) que, grosso modo, é um conjunto de discursos que se relacionam por suas possibilidades comuns de serem ditos num espaço e tempo específicos. Por exemplo, dentro de uma FD liberal são possíveis os discursos “o indivíduo se sobressai ao coletivo” e o “o Estado não tem legitimidade de me obrigar a ajudar os outros” pois eles possuem um conjunto de regras de formação e de possibilidades de realização semelhantes, o que não ocorre com o discurso “primeiro a nação, depois nós”. Por as FD’s serem um conjunto de representações do real, a premissa que trouxemos no início, de que o real é ideológico, ajuda-nos a entender que cada FD possui uma Formação Ideológica (doravante FI) que a constitui. Desse modo, um enunciado (ou seja, o texto per si) engendra discursos diferentes na medida em que faz parte de uma FD e, por conseguinte, FI diferente pois em cada uma das situações o enunciado obedecerá regras de formação diferentes, como nos ensina Foucault:


“No caso em que se puder descrever, entre um certo número de enunciados, semelhante sistema de dispersão e, no caso em que entre os objetos, os tipos de enunciação, os conceitos, as escolhas temáticas, se puder definir uma regularidade (uma ordem, correlações, posições e funcionamentos, transformações), diremos, por convenção, que se trata de uma formação discursiva.” (FOUCAULT, 2008: 43).

        Por conta disso, um gênero discursivo recorrente no meio futebolístico, o insulto, pode ou não ter um teor racista a depender de sua participação numa FD e numa FI, ou seja, a depender de suas regras de formação.

        Parece ser algo abstrato, notadamente o é, mas uma infinidade de elementos que mobilizamos na nossa prática linguística/comunicativa são abstratos e que, na prática, mostramos ser bem conscientes deles. Por exemplo, é a essa diferença entre FD’s e FI’s, conjuntamente com o conhecimento da existência de um gênero do discurso chamado “insulto futebolístico”, que se atenta Robinho nos seguintes dizeres:

        “Não vi, sinceramente, mas os insultos são normais, sabemos que jogando aqui vão nos insultar, mas não sei se falaram alguma coisa de racismo. Isso a gente não admite. Em 2014, sabemos que isso é normal o cde acontecer, mas a cor de pele não diferencia ninguém.”

        Ou seja, o atacante tentou, do seu modo, dizer se houve ou não um insulto que participou de uma FD e FI que, por suas regras de formação e mecanismos de representação, constituíram ou não um discurso racista.

         Pelo que foi dito até aqui, um discurso racista só é possível quando constituinte de uma FD e FI racistas. Nesse sentido, um insulto como “você é um macaco” só é racista se fizer parte de um conjunto de enunciados que historicamente se constituíram por regras de formação próprias, isto é, constituem uma FD que possui uma FI que afirma uma ordem hierárquica no mundo, ou seja, uma relação de poder. Da mesma forma que Rosa Parks não foi e nem poderia ter sido racista com um branco por tirar dele a exclusividade do banco de ônibus, o enunciado “você é um macaco” dito por um negro a um branco não remete a uma FD que coloca o branco como inferior (como aquela FD que até fez a ciência afirmar que o negro é inferior), somente tira a exclusividade do branco no uso desse mesmo enunciado.



BIBLIOGRAFIA

ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985.

FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.

GUIMARÃES, Alfredo S.A . Racismo e Antirracismo no Brasil. São Paulo: Editora 34, 2009.




FONTE: Livre Opinião

Opinião tem Cor?

sábado, 23 de janeiro de 2016

“Casa de Machado espeto de Proença”

Por Danilo Lima

          A Academia Brasileira de Letras - ABL, com 118 anos de história, acaba de eleger seu segundo presidente negro, o professor Domício Proença Filho.



                                            (Machado de Asssis eDomício Proença)

           A casa de Machado, como era conhecida a ABL, foi Inaugurada em 20 de julho de 1897. Ela possui uma grande carga simbólica, pois foi fundada por intelectuais progressistas do século (XIX), a exemplo de Rui Barbosa, o seu segundo presidente.

          Sediada no Estado do Rio de Janeiro, a Academia ocupa hoje espaço físico do prédio Petit Trianon de Versalhes, que é uma réplica do edifício de mesmo nome na França. A instituição europeia inspirou o cultivo da língua no Brasil. A ABL é marcada por uma trajetória de vanguarda na busca pela valorização da língua, cultura e literatura brasileira, em um país à época, de maioria analfabeta.

          Talvez por esta razão lá, como cá, a Academia de Letras preserva certo status social para seus membros, atribuindo a esses um tratamento de autoridade quando o assunto é língua.

          Mesmo tendo como um de seus ilustres fundadores o carioca Joaquim Maria Machado de Assis, o garoto autodidata, de origem pobre e negra, que se tornou poliglota e o maior dos escritores brasileiros até os dias de hoje, a ABL não parece ter atingido as expectativas de seu precursor abolicionista.

          Não possuo capacidades místicas que me permitam fazer previsões. Mas acredito que Machado, se vivo estivesse, certamente trabalharia por uma Academia que atingisse seu fim de zelar pela língua, mas, que também fosse uma instituição republicana, afirmativa, representativa dos grupos étnico-raciais que compõem nossa sociedade, desde o “achamento” destas terras.

          Domício Proença Filho, o novo presidente da ABL, também é carioca e dono de uma importante trajetória acadêmica. Nascido em 25 de janeiro de 1936, é Doutor em letras e livre docente em Literatura Brasileira.

          Proença parece ter um projeto de gestão mais representativo da população negra para a ABL, e quanto a isso, lembra um pouco o grande Machado de Assis. O que, convenhamos, não é pouca coisa. Pois não se trata de qualquer academia, sabemos que o letramento, ou se preferirem, a educação, sempre foi um privilégio no Brasil, não é mesmo?


“Aqui, por vezes, educação não é direito, é boleto.”


Mas voltando ao tema... Dizia o novo presidente em seu longo discurso de posse o seguinte:


“(...) a Casa de Machado de Assis, uma vez mais, situa claramente o seu posicionamento, em termos de nossa contingência comunitária. Não nos esqueçamos tempos fundadores de Joaquim Nabuco e de Machado de Assis, a ação pioneira de Afonso Arinos.


Entendo, a propósito, que, na realidade brasileira, respeitadas as opiniões em contrário, o núcleo de preocupação deve ser o combate contínuo e vigoroso ao racismo”.

          Palavras belas não? Mas elas precisam se tornar prática, não só pelo que poderia ser a vontade de Machado de Assis ou de outros ilustres fundadores da ABL, mas, sobretudo, por que ainda temos um povo cativo da ignorância, uma ignorância decorrente do racismo em nossa sociedade.

          Por qual razão foi preciso mais de um século para que outro negro se tornar presidente da ABL? E, se foram necessários mais de cem anos para eleger o segundo negro presidente da ABL, de quantos anos precisaremos para eleger a primeira mulher negra presidente da republica?

          Teria o novo presidente o dever de agir afirmativamente em relação à população negra brasileira? Particularmente, penso que seria um gesto mínimo e simbólico, de reparação a nós negros/as e aos indígenas, por termos nossas populações dizimadas e nossas histórias violentadas.

          Reconhecimento e a Inclusão social de grupos excluídos são mais que necessários, é uma atitude consciente, um dever de todos nós. Não se pode mais tolerar o racismo.

         Ao novo presidente: que tenha sorte, uma boa gestão e que a imponente e pálida fachada do Petit Trianon “jamais se imponha sobre sua negritude”.



Fonte: Portal Africas 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Movimentos sociais convocam ato contra o genocídio


No próximo dia 25 de janeiro (segunda feira), aniversário da cidade de São Paulo, no período das 09 às 15 horas, acontecerá o ATO PÚBLICO CONTRA O GENOCÍDIO. O Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre das Periferias da Grande São Paulo e outras Entidades convocam a juventude negra as ruas para mais está ação antirracismo. O ato acontecerá na praça da Sé no centro da cidade

O Ato contará com apresentações gratuitas de O BREAK, MC´s, DJ´s, GRAFFITI e muito mais convoque sua quebrada pra chegar junto!




Contato com os organizadores :

Rapper Pirata - Fórum Municipal Hip Hop
11) 98216.2160

Chico bezerra - FST/SP e GTNM/SP
(11) 99909.9580

Compareça!

                                   


25 de janeiro em frente a Catedral, SP é o local!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

RACISTAS OTÁRIOS NOS DEIXEM EM PAZ!

Postado em 01/12/15 por Pedro Borges/Portal AlmaPreta


cincomorto


Texto: Danilo Lima / Imagem: Acervo Digital

Mais lagrimas, mais sangue, mais enterros, a marcha fúnebre prossegue. Os mortos mais uma vez são negros e os assassinos, mais uma vez, policiais militares.

5 jovens negros, inocentes, são fuzilados por policiais militares no Rio de Janeiro. Jovens que por pouco não foram incriminados pelos mesmos militares que tentaram forjar a cena do crime.

Estes fatos trazem a tona a urgente necessidade que temos em acabar com os chamados Autos de Resistência por meio da aprovação do projeto de Lei 4471/2012.

O auto de resistência é a justificativa do policial para o uso da força letal. Em outras palavras, quando um policial militar mata um individuo que, supostamente resistiu à prisão com força, a ocorrência é registrada como auto de resistência.


José Roberto chora a morte de seu filho de 16 anos, assassinado pela polícia junto com mais 4 amigos quando comemoravam o primeiro salário dele (foto: Guilherme Pinto/Extra).

Mas na pratica a medida é uma verdadeira licença para matar a juventude negra. Desse mecanismo decorrem os números absurdos de homicídios de jovens negros no Brasil, que permite também ao policial a possibilidade de incriminar as suas vítimas depois de mortas.

Vivemos no Brasil o pior dos cenários para população negra. Graças à competência e à resistência do movimento negro, todos sabem que são os pretos que estão em pior situação na pirâmide social. Que negros ganham menos, que são maioria nas favelas, que tem menos acesso à educação e que são as principais vitimas da violência policial.

Mas nem as mortes, nem as lagrimas ou as estatísticas parecem comover os racistas.

Seguimos denunciando a falsa abolição e a situação do negro cativo ao subemprego, preso aos grilhões da desigualdade e diariamente açoitado pelo racismo brutal em nossa sociedade.

Um alerta aos senhores e capitães do mato do pós-abolição: estamos cansados! O genocídio negro vai parar, por qualquer meio necessário.

O momento é de dor. Mas o desafio é transformar o luto em mais luta, até que sejamos libertos/as.



Postado originalmente no Portal Alma Preta 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

NÃO DÁ PARA COMBATER O GENOCÍDIO DOCILMENTE


por: Rapper Pirata 


Tem maluco nosso que alcança postos de decisões mas porque já está adaptado a meritocracia, esse não influência em nada, deseja somente receber dinheiro. Durante seu tempo de 'fake' luta ele foi negando as bases pobres, pretas e periféricas, porem as utiliza em discursos para convencer com seus simulacros de realidade politica.

Não quero parafrasear Marthin Luter King, só que também tenho um 'gangsta' sonho: Ah... Como seria muito 'loco' se nós pobres que tivemos e fazemos o hip hop como base na periferia entendêssemos nosso poder. Se buscássemos nosso espaço de poder politico sem se adaptar as regras que vão contra nós. Negássemos a concessão que mantem o racismo,miséria e uns como escolhidos para enganar nos.

A essência de nossa luta tem que ser para todos, mesmo sabendo que uns se enfraquecem, isso porque somos de um país que tem 400 anos de história de seu povo na escravidão, então extirpar de nossa cultura e filosofia de vida o sentimento de sobrevivência é difícil, ainda mais que o sistema capitalista aqui é de estrutura escravocrata.


                                     

Um povo tem que ter como lema a vida, para desfrutar da natureza que uma nação oferece, eliminando qualquer resquício de miséria que o outro esteja vivendo.

Os anos passam e nós achamo nos iguais aos diferentes brancos ricos que desfrutam na natureza do país, eles nos veem como inimigos, por isso decretam em suas falas e ordens no ornamento do estado o nossos espaço para convívio em favelas, cadeias, ruas e onde já não é possível ter vida, que é a morte gerada pelo racismo institucional do estado.

Esses que se utilizam dos discursos, já não me convencem porque conheci eles nos 'rolês', lá esses se 'caguetaram' que o 'bang' é só para eles. Então fazem as estratégias do poder consolidado há 500 anos, eles servis vão reforçando a divisão entre os iguais que é a maioria, mas querendo ser o diferente dócil para a minoria branca classe média racista.
Fucking niggaz!